sábado, 31 de março de 2007

Simplesmente G7


Por Fabio Grando


Simplesmente G7. Essa é a descrição para este grupo de teatro de Brasília fundado em 2001 e que já conta com mais de 15 peças apresentadas e vários prêmios conquistados. G7 significa Grupo dos Sete, mas é formado por apenas quatro, Benetti Mendes, Felipe Gracindo, Frederico Braga e Rodolfo Cordón. Atualmente o grupo está em cartaz com a peça “Como Passar em Concurso Público” no teatro dos Bancários na 314/315 sul. Além de apresentação de peças o grupo também oferece oficinas de teatro com o intuito de apresentar um primeiro contato a essa arte de vida. Sempre irreverentes é com muito bom humor que eles falam sobre a carreira.

Como surgiu o G7? Como se conheceram?
O G7 surgiu em 1997, no recreio do Colégio quando Frederico e Rodolfo fizeram um pacto de sangue. Frederico, então criança, garoto, havia entrado para o teatro do Colégio com o objetivo de pegar as menininhas. Por outro lado, Rodolfo não gostava de Educação Física e descobriu que poderia escapar dela com o teatro. Assim sendo, se encontraram e se apaixonaram pelo teatro e decidiram montar um grupo. Rodolfo já conhecia o Felipe e sabia que ele tinha problemas, pois imitava animais e fazia coisas inimagináveis com o corpo. Destarte, Rodolfo chamou-o para participar do grupo. Um dia, Benetti assistiu uma apresentação no Colégio e foi conversar com os meninos e entrou no grupo também. Então, na verdade, os únicos que já se conheciam desde crianças eram Rodolfo e Felipe, porque o Benetti e o Fred entraram depois justamente por causa do teatro. Aí, um belo dia, Benetti Mendes marcou uma pauta no Teatro da Anatel e, faltando um mês para o dia, avisou os outros integrantes. Foi esta a primeira peça do grupo, chamada “Baseado em Fatos Reais”.

Quem criou o nome? E porque G7?
Ninguém sabe. Ele surgiu.

Quem escreve as peças? Como surgem as idéias?
Texto e direção coletivas. Elas surgem... acredite... elas... surgem...

Já aconteceram muitas brigas entre vocês?
Hehehehe.... Que sadismo... Bem, já aconteceram brigas sim porque ter um grupo de teatro é muito similar a ter uma família. Mas nada memorável, nem especial. São apenas desentendimentos artísticos, sobre detalhes dos espetáculos. As discussões são acaloradas porque gostamos de ir a fundo em nossos propósitos e às vezes surgem conflitos ideológicos de posicionamentos distintos, mas normal. Nunca ninguém xingou a mãe do outro. Hehehehe..

Qual o momento mais difícil enfrentado por vocês no palco?
O momento mais difícil não é enfrentado no palco e sim na rua, no dia a dia, pois viver de teatro no Brasil é muito complexo e requer perseverança. E sorte também. Muito do trabalho dos grupos de teatro é a divulgação, por exemplo, e é algo que não depende exclusivamente do G7 mas da mídia. Além disso, conseguir patrocínios que mantenham o grupo é quase uma tarefa hercúlea, pois infelizmente o teatro não é valorizado no Brasil. Em cima do palco o momento mais difícil foi quando... tô tentando lembrar mas não me veio nada. Acho que nunca teve não e se teve a gente improvisou. Hehehe..

Dentre os prêmios conquistados qual o mais importante?
O G7 arrancou risadas e aplausos efusivos da platéia que estava no Teatro Municipal de São Paulo, apresentando sua versão particular do espetáculo “Otelo Para Todos os Brasileiros”. Aplaudido de pé, a Cia venceu a segunda edição do projeto Criação Teatral Volkswagen.
Ao todo, o projeto Criação Teatral Volkswagen teve 488 grupos selecionados entre os incontáveis inscritos. Destes, apenas três participaram da final. Ousando na criatividade, figurino e linguagem o G7 venceu este, que é o maior concurso no âmbito nacional, além de levar o prêmio de melhor ator – para Felipe Gracindo –em uma noite de festa para o novo teatro brasileiro.

Por também serem de Brasília, já aconteceu algum tipo de comparação com “os melhores do mundo”? Como lidam com isso?
Sempre somos comparados. Contudo, eles são nossos amigos, esses dias mesmo o Rodolfo tomou umas com o Pipo e o Victor no Beirute. Não nos incomoda a comparação até porque eles têm muito mais tempo de carreira do que a gente e nos inspiraram em muitas coisas. Estamos na metade do caminho deles e é um prazer saber que hoje em dia quando se fala de grupos de comédia de Brasília os nomes que vêm a mente são Melhores do Mundo e G7. São estilos diferentes, eles fazem o besteirol clássico, digamos assim, mais conservador. Ao passo que nós somos muito malucos e fazemos um teatro anárquico, insano e experimental, sempre brincamos com os elementos cênicos, tais como o tempo e a ação das cenas. Estamos descobrindo uma nova estética teatral, a nossa estética, ao passo que eles já encontraram a fórmula deles a estão agora colhendo os louros. Mas nós somos muito mais gatinhos também.

Assim como aconteceu com os Melhores do Mundo vocês pensam em algum dia participarem ou fazer seu próprio programa de TV?
Queremos dominar as artes. Seja na pintura, na música, no teatro ou na TV. O nosso grande sonho é deixar as idéias do G7 perpetuadas na história.

Como surgiu a idéia da Oficina de Teatro?
Estávamos sentindo falta de um “agito” teatral maior na cidade. Decidimos então fazer uma oficina direcionada aos grupos de teatro. O nosso sonho é que de lá surjam novos atores e novos agentes para a difusão do teatro. E está dando certo!

Desde a primeira peça, “Baseado em Fatos Reais” até hoje, quais mudanças podem ser notadas no humor e no comportamento de vocês em cena?
Com certeza nós mudamos muito e pra melhor. Primeiro porque nós começamos de brincadeira, de sacanagem mesmo, na mais pura e simples cara de pau. Só que tomamos gosto e vimos que dava dinheiro, fama e mulheres. Então, pensamos, por que não levar a sério o teatro? E nessa de levar a sério ganhamos prêmios nacionais, aumentou consideravelmente o nosso público e a responsabilidade foi ficando maior. Antes fazíamos teatro pelo prazer de fazê-lo, hoje em dia além do prazer se tornou um trabalho diário. Temos uma sala de ensaios e todos os dias (incluindo sábados e domingos) nos reunimos lá e trabalhamos. É um trabalho árduo como qualquer outro, a diferença é que estamos felizes porque é a opção que escolhemos para nossa vida. Mas, respondendo a pergunta, nós melhoramos a interpretação, a noção de direção das cenas, o tempo, o ritmo, a qualidade do figurino e do cenário, a complexidade dos assuntos abordados e a forma de teatralizá-los, a precisão na busca do riso e do aplauso da platéia, fazemos agora aula de instrumentos musicais e aula de canto, além de práticas corporais que desenvolvem as possibilidades do nosso corpo e o Rodolfo cortou o cabelo também. Mas teatro é, como bem disse Augusto Boal, uma representação do real. E por ser o real tão foda de ser representado, estamos sempre nos esforçando para melhorar mais ainda e surpreender o público a cada estréia. Também melhoramos na aproximação com o público porque agora falamos mais diretamente com a alma das pessoas, pois, como bem disse Miguel de Cervantes: a comédia é a língua da alma.

Qual a peça preferida de vocês?
Como passar em Concurso Público.

Como surgiu à idéia da peça?
Quando nos reuníamos com amigos, namoradas, primos ou familiares, estávamos ficando sem assunto, pois todos eles só falavam de concurso. Decidimos então desvendar esse mundo tão complexo dos concursos públicos.

Quais os planos para o futuro?
Conquistar o mundo, é lógico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ha =D
Que divertida a entrevista!!
Adoooro ^^

*=